Notícia
Projeto inédito de estudantes do Colégio Paraíso transforma cigarros, apreendidos pela Receita Federal, em húmus de alta qualidade.
- 22/03/2018
Estão à frente da iniciativa, os estudantes Vitor Bruno e Beatriz Sampaio, o orientador do projeto Ricardo Fonseca e o co-orientador, Marcos Alexandre, auditor fiscal e delegado da RF.
Inicialmente, os orientadores do projeto pensaram em fazer papel a partir do cigarro, já que ele é rico em celulose, matéria prima utilizada na fabricação de diversos tipos de papéis. Porém, a separação da embalem e do fumo, dificultaria e encarecia todo o processo, principalmente por causa dos filtros dos cigarros, que ficavam presos nas estruturas dos equipamentos fabris.
Outro fator que, também, influenciou em abandonar a primeira ideia, foi o plástico do invólucro dos cigarros, matéria não biodegradável que leva mais de 50 anos para se degradar.
Descartada a proposta do papel, começou-se a pensar em uma outra alternativa e foi, então, que surgiu a ideia de testar os cigarros como alimento para minhocas produtoras de húmus. O resultado do teste foi rápido e surpreendente, em apenas 4 dias as minhocas haviam comido todo o cigarro triturado colocado no minhocário.
Os pesquisadores observaram quatro questões importantes, após a introdução dos cigarros como alimento das minhocas, que os instigaram a investir no projeto: Primeiro a adaptação ao novo alimento que, praticamente, sequer existiu já que ele foi rapidamente consumido por elas. Segundo, a diferença física das minhocas, que ficaram mais nutridas em um menor espaço de tempo do que com o alimento anterior, o estrume. Terceiro, o húmus resultante do processo é de alta qualidade. E por último, toneladas de cigarros contrabandeados podem não mais serem incinerados, evitando a liberação de gases poluentes na atmosfera.
Os resultados colhidos a partir da observação dos envolvidos são animadores e de grande potencial científico. Todavia, por se tratar de um projeto em fase de desenvolvimento, eles, ainda, precisam realizar testes para a comprovação científica das constatações feitas. Mas já se sabe que os cigarros podem ser usados como um importante alimento para as minhocas, consequentemente, na produção de húmus.
O projeto já começa a ganhar as feiras científicas e, em maio, será apresentado na Expo Milset Brasil 2018, que acontecerá em Fortaleza. Segundo os pesquisadores, os próximos passos da iniciativa, serão a obtenção dos dados da metodologia aplicada e a análise deles para se chegar às conclusões científicas e realizar a divulgação dos resultados. Posteriormente, também está nos planos envolver mais estudantes no projeto e expandir a ideia a outras regiões do Brasil, contribuindo para destinação ecológica dos cigarros ilegais apreendidos pela Receita Federal do Brasil.
Dados da Receita Federal do Brasil e em Juazeiro do Norte
Segundo Marcos Alexandre Costa auditor da RF, 48% das vendas de cigarros no país em 2017 foram de origem ilegal. Se declaradas à União, teriam gerado nos cofres públicos cerca de 6 bilhões de reais. A maior parte das cargas, 90% delas, partem do Paraguai rumo a diversos estados brasileiros.
As cargas apreendidas na RF de Juazeiro do Norte somam, aproximadamente, 60 toneladas de cigarros, que, agora, podem ter um retorno benéfico à população.
Paraíso Sustentável
O Projeto “Da Droga à Vida” dialoga com ações de outro projeto, o Paraíso Sustentável. A iniciativa busca desenvolver o senso crítico dos alunos com a proposta de identificar, compreender e propor intervenções para agirem na solução de problemas sociais. Nesse caso, na destinação de mercadorias ilícitas, que acabariam contribuindo para a degradação do meio ambiente, a partir da eliminação de gases poluentes.
Ao orientar os estudantes a refletir sobre os conflitos da sociedade em que vivem, o Paraíso Sustentável assume a responsabilidade de fomentar práticas educativas comprometidas com a cidadania e a reversão dos problemas em questão.