Projeto inédito de estudantes do Colégio Paraíso transforma cigarros, apreendidos pela Receita Federal, em húmus de alta qualidade.
“Da droga à vida”, é o nome do Projeto científico desenvolvido por estudantes do Colégio Paraíso, que transforma cigarros em húmus de
alta qualidade. A iniciativa cria uma nova forma de destinar as cargas ilegais de cigarros apreendidas pela Receita Federal (RF) de
Juazeiro do Norte, até então, enviadas a locais de incineração. <br /><br />
Estão à frente da iniciativa, os estudantes Vitor Bruno e Beatriz Sampaio, o orientador do projeto Ricardo Fonseca e o co-orientador,
Marcos Alexandre, auditor fiscal e delegado da RF. <br /><br />
Inicialmente, os orientadores do projeto pensaram em fazer papel a partir do cigarro, já que ele é rico em celulose, matéria prima
utilizada na fabricação de diversos tipos de papéis. Porém, a separação da embalem e do fumo, dificultaria e encarecia todo o processo,
principalmente por causa dos filtros dos cigarros, que ficavam presos nas estruturas dos equipamentos fabris. <br /><br />
Outro fator que, também, influenciou em abandonar a primeira ideia, foi o plástico do invólucro dos cigarros, matéria não biodegradável
que leva mais de 50 anos para se degradar. <br /><br />
Descartada a proposta do papel, começou-se a pensar em uma outra alternativa e foi, então, que surgiu a ideia de testar os cigarros como
alimento para minhocas produtoras de húmus. O resultado do teste foi rápido e surpreendente, em apenas 4 dias as minhocas haviam comido
todo o cigarro triturado colocado no minhocário. <br /><br />
Os pesquisadores observaram quatro questões importantes, após a introdução dos cigarros como alimento das minhocas, que os instigaram a
investir no projeto: Primeiro a adaptação ao novo alimento que, praticamente, sequer existiu já que ele foi rapidamente consumido por elas.
Segundo, a diferença física das minhocas, que ficaram mais nutridas em um menor espaço de tempo do que com o alimento anterior, o estrume.
Terceiro, o húmus resultante do processo é de alta qualidade. E por último, toneladas de cigarros contrabandeados podem não mais serem
incinerados, evitando a liberação de gases poluentes na atmosfera. <br /><br />
Os resultados colhidos a partir da observação dos envolvidos são animadores e de grande potencial científico. Todavia, por se tratar de um
projeto em fase de desenvolvimento, eles, ainda, precisam realizar testes para a comprovação científica das constatações feitas. Mas já se
sabe que os cigarros podem ser usados como um importante alimento para as minhocas, consequentemente, na produção de húmus. <br /><br />
O projeto já começa a ganhar as feiras científicas e, em maio, será apresentado na Expo Milset Brasil 2018, que acontecerá em Fortaleza.
Segundo os pesquisadores, os próximos passos da iniciativa, serão a obtenção dos dados da metodologia aplicada e a análise deles para se
chegar às conclusões científicas e realizar a divulgação dos resultados. Posteriormente, também está nos planos envolver mais estudantes
no projeto e expandir a ideia a outras regiões do Brasil, contribuindo para destinação ecológica dos cigarros ilegais apreendidos pela
Receita Federal do Brasil.<br /><br />
Dados da Receita Federal do Brasil e em Juazeiro do Norte<br /><br />
Segundo Marcos Alexandre Costa auditor da RF, 48% das vendas de cigarros no país em 2017 foram de origem ilegal. Se declaradas à União,
teriam gerado nos cofres públicos cerca de 6 bilhões de reais. A maior parte das cargas, 90% delas, partem do Paraguai rumo a diversos
estados brasileiros.<br /><br />
As cargas apreendidas na RF de Juazeiro do Norte somam, aproximadamente, 60 toneladas de cigarros, que, agora, podem ter um retorno
benéfico à população.<br /><br />
Paraíso Sustentável<br /><br />
O Projeto “Da Droga à Vida” dialoga com ações de outro projeto, o Paraíso Sustentável. A iniciativa busca desenvolver o senso crítico dos
alunos com a proposta de identificar, compreender e propor intervenções para agirem na solução de problemas sociais. Nesse caso, na
destinação de mercadorias ilícitas, que acabariam contribuindo para a degradação do meio ambiente, a partir da eliminação de gases poluentes.<br /><br />
Ao orientar os estudantes a refletir sobre os conflitos da sociedade em que vivem, o Paraíso Sustentável assume a responsabilidade de
fomentar práticas educativas comprometidas com a cidadania e a reversão dos problemas em questão.<br /><br />